Espaço de Cultura

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Serrinha, Bahia, Brazil
Este Blog foi criado com intuito de tornar acessível a um maior número possível de pessoas,a troca de experiêncais e a divulgação do que temos de melhor na cultura da Região Sisaleira,tornando o meio virtual um local de interatividade.Neste blog,uma equipe de quatro alunos do curso de Geografia da Uneb/Campus XI estarão postando fotos,artigos,relatos,entrevistas,mensagens, poemas,entre outras formas de expressão cultural. Compõe esta equipe os seguintes discentes:Angelita Bispo,Crisângela Gardênia,Maria Aparecida Brito e Mariana Martins.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Formação Docente e Pluralidade Cultural

Torna-se uma tarefa imprescindível nos dias de hoje, reconhecer que a sociedade brasileira é composta por uma vasta diversidade cultural e ética, é pois multicultural. Num mesmo esforço, é preciso ainda conhecer a realidade social, marcada por discrepantes diferenças socioeconômicas, além das diferenças de raça, gênero e culturais.

Infelizmente a escola, que possui um papel formador e de valorização da diversidade cultura, é uma das instituições que vem contribuindo e produzindo grandes exclusões na sociedade. O professor neste processo, é um dos reprodutores das diferenças sociais e criador de estereótipo.

Sobre um olhar crítico é preciso uma tentativa de romper com o paradigma excludente, e procurar novas práticas que reconheçam e defenda a bandeira da diversidade cultural.

Ratificamos aqui, a necessidade de formação docente voltada a valorização da pluralidade cultural, e construção de práticas pedagógico-curriculares que contemple e considerem a diversidade, principalmente porque no seu local de trabalho – a escola - o docente se depara com diferentes tipos de alunado, e torna-se preciso ter o conhecimento das questões relacionadas a cultura, a raça, ao gênero, a fim de tornar o ambiente escolar um local de acolhimento, formação e não de exclusão e práticas adversas.

Em contra partida as questões relacionadas a educação-diversidade cultural têm sido exploradas sobre quatro enfoques principais: assimilação, reprodução, aceitação e conscientização. A assimilação vai de encontro ao paradigma estrutural-funcionalista, onde o professor possui uma postura acrítica, e os conhecimentos são transmitidos sobre o enfoque das questões culturais dos dominantes. A perspectiva crítica baseia-se numa abordagem crítico-reproducionista da educação. Possui uma visão reducionista da educação. Nas perspectivas de aceitação e conscientização esta inserida num movimento de resgate a espaço dentro da escola, este é um espaço de transformação, de troca de experiências, não se restringe, pois a um espaço de reprodução e exclusões. As relações sociais, dentro do espaço escolar são marcadas pela interação professor-aluno-escola, daí a necessidade de uma prática pedagógica propositiva que contemplem as questões relacionadas à diversidade cultural. Deve-se pois buscar a integração da realidade docente, com suas vivências e práticas, com a realidade do aluno, também com suas praticas e vivências cotidianas.

Urge romper com o abismo que separa os indivíduos e reproduz desigualdades. É necessário quebrar as visões estereotipadas - que muitas vezes são reproduzidas pelos próprios docentes – e os preconceitos a crianças faveladas, meninos de rua, deficientes, crianças negras, alunos com dificuldade de aprendizagem, crianças de escolas de classe baixa. E a escola tem o papel de transformação desta realidade, sendo o professor, um agente imprescindível para essas mudança.

Uma forma para mudança do paradigma instituído, é o docente procurar trabalhar a vivência do cotidiano de seus alunos. A prática pedagógica deve ser norteado pela valorização do saberes e fazeres do alunado, valorização da construção diária, cotidiana dos alunos, tratando inclusive como conteúdo de disciplinas, aquilo que é próximo dos alunos, o que é vivido. Tratar das questões culturais, raciais, questões de gênero, fazendo uma abordagem com os espaço vivido, com aquilo que cerca o mundo dos alunos, é uma atitude que promove e qualifica o desempenho dos alunos, tendo em vista que este se sentem bem mais cativados a trabalhar estas questões. Deste modo, a escola tornar-se um espaço de transmissão de valores e valorização da diversidade.

Uma questão emergente que ainda refere-se a temática da diversidade cultural é a necessidade de ruptura com o mito da democracia racial brasileira, desta forma precisamos compreender que não se pode mais admitir que desigualdades sociais, econômicas e raciais continuem a imperar na nossa sociedade. Neste sentido, o enfretamento, a não subjugação, a resistência, tornam fatores imprescindíveis no âmbito escolar.

Em suma trabalhar na formação docente a inserção de debates relacionados a diversidade cultural e a busca da conscientização cultural são passos importantíssimos para mudança da realidade do ensino e ruptura com os padrões instituídos pelas classes dominantes. O professor deve ser um conhecedor da realidade que cerca o ambiente escola e especialmente conhecedor da realidade do alunado. Deve-se buscar uma aproximação maior com a realidade discente, bem como torna-se necessário uma conscientização por parte dos docentes no sentido de mobilizar novas práticas e adotar novas posturas para que novas tessituras sejam desenhadas, construindo uma sociedade plural, mas que ao mesmo tempo respeite as individualidades e particularismo dos diversos grupos, uma sociedade onde de fato exista uma PLURALIDADE CULTURAL.

REFERÊNCIA: CANEN, Ana. Universos culturais e representações docentes: subsideos para a formação de professores para a diversidade cultural. In: Educação e Sociedade. Ano XXII, nº 77, Dez/2004.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Diversidade étnico-racial e Educação no contexto brasileiro: algumas reflexões

O Brasil se destaca como uma das maiores sociedade multirraciais do mundo e abriga um número relevante de descentes de africanos distribuídos em seu território. Essa distribuição demográfica ético-racial é passível de diferentes interpretações, uma delas é a realizada pelo Movimento Negro e por um grupo de intelectuais que estudam as questões raciais no país. Do ponto de vista étnico-racial 44,6 % da população brasileira apresenta ascendência africana que se expressa na cultura, na corporeidade, e/ou na construção de sua identidade.

È nesse contexto histórico, político, cultural e social que os negros(as) do Brasil constroem suas identidades, e dentre elas a identidade negra. Desse modo, aos poucos os contornos de nossa identidade são estabelecidos pela diferença e pelo trato social, cultural, histórico e político que estas recebem durante o percurso na sociedade.

As identidades negras são marcadas por um contexto peculiar que advém de séculos de escravidão, pela colonização e dominação de grupos sociais e étnicos-racais específicos, pela resistência negra à escravidão através de um processo tenso e "negociado" da abolição. A partir da década de 80, assistimos uma nova forma de atuação política dos negros e negras brasileiros. Passando a atuar ativamente por meio dos movimentos sociais, sobretudo os de caráter identitário trazendo novas formas de atuação e reivindicação.

O Movimento negro reivindica que a questão do negro deveria ser compreendida como uma forma de opressão e exploração estruturante das relações sociais e econômicas brasileiras, acirradas pelo capitalismo e pela desigualdade social. Atualmente o Movimento Negro passa a focalizar a denúncia da postura de neutralidade do Estado frente a desigualdade racial reivindicando-lhes a doação de políticas de ação afirmativa. Essa trajetória histórica e política do Movimento Negro se desenvolve imersa nas várias mudanças vividas pela sociedade brasileira ao longo dos últimos anos e se da em articulação com as transformações de ordem mundial, o acirramento da globalização capitalista e a construção das lutas contra-hegemonicas.

Dentre os diversos discursos que permeiam a sociedade a respeito do negro, é o mito da democracia racial , ideologia que parte das relações harmoniosas entre os grupos étnico- raciais omitindo e desviando o foco da profunda desigualdade racial existente no nosso país e dos impactos do racismo na vida dos negros e negras brasileiros. Desviando o foco ainda das situações cotidianas de humilhação e racismo vivido por boa parte da população e pela exclusão dessa população na educação básica, saúde, acesso a terra, a trabalho, a lazer e a inserção na universidade. Todavia, mesmo quando um negro consegue uma ascensão social, esses não deixam de viver situações de racismo e de serem tratados com desconfiança e incômodo. Os negros e negras brasileiras lutam contra esses processos ideológicos, políticos, culturais e sociais de cunho racista impregnado no imaginário e nas práticas sociais. Acredita-se que a superação do racismo da desigualdade racial possibilitará transformações éticas e solidárias para toda a sociedade e permitirá o efetivo exercício da cidadania, questionando assim o mito da democracia racial. Porém para tais feitos aconteçam é necessário à construção de oportunidades iguais para negros e brancos que possibilitem de modo igualitário e cidadão a diferença entre as 'raças' e extrapole o plano de discurso: 'politicamente correto'.

O Movimento Negro tem cobrado um posicionamento ético e responsável da escola, entendida como direito social e como uma das instituições responsáveis pelo processo de formação humana, que a mesma se efetiva ainda como um espaço do direito à diversidade e a diferente. "A escola, sobretudo a pública deverá inserir a questão racial no seu projeto político – pedagógico, toma-la como eixo das práticas pedagógicas e articula-las nas discussões que permeiam o currículo escolar." (SANTOS, 1996)

A escola brasileira de fato é um direito social de todos, onde precisa conhecer e reconhecer as diferenças dos sujeitos que fazem a escola. É responsável em desenvolver projetos eficazes de combate ao racismo e de superação das desigualdades raciais. A partir de então várias iniciativas de formação de professores para a diversidade étnico-racial vêm sendo realizadas no Brasil. Entretanto os educadores ainda se encontram em uma grande insegurança diante do trato pedagógico da diversidade étnico-racial. A exemplo de iniciativas do Ministério da Educação temos a lei 10.639/03, que se encontra nos cursos de formação de professores como suporte para um olhar sobre as questões dos negros no Brasil. A escola pública e privada são convocadas para realizarem uma revisão de posturas, valores, conhecimento e currículo na perspectiva étnico-racial. É somente pela força da lei 10.639/03,que a questão racial começa a ser pedagógica e politicamente assumida pelo estado, pela escola, pelos currículos e pelos processos de formação, ainda com muita resistência.

Não há como negar o protagonismo do Movimento Negro brasileiro nesse percurso. Esse por sua vez, pode ser melhor compreendido como um novo sujeito coletivo e político. Um coletividade assim, que elabora identidades e se organizam práticas através das quais defendem seus interesses, constroem identidades marcadas por interações e processos de reconhecimentos recíprocos. Possibilitando aos indivíduos reconhecerem-se nesses novos significados, o Movimento Negro buscou a chave na história para compreender a realidade do povo negro no Brasil

Assim há uma necessidade de negar a história oficial e de contribuir para a construção de uma nova interpretação da trajetória do negro no Brasil. O Movimento negro é, portanto fruto de uma "negatividade histórica", de buscar que esta mesma história seja contada como de fato aconteceu.

A lei 10.639/03 e suas diretrizes podem ser consideradas como parte do projeto educativo emancipatório do Movimento Negro em prol de uma educação anti-racista e que reconheça e respeite a diversidade. Diante de tais desafios os educadores e educadoras brasileiros são convocados a construir novas posturas e práticas pedagógicas e sociais. Eles, portanto, são chamados a construir uma pedagogia da diversidade.

Baseado no texto Diversidade étnico-racial e Educação no contexto brasileiro: algumas reflexões, de Nilma Lino Gomes,

REFERÊNCIA: GOMES, Nilma Lino. Um olhar além das fronteiras: educação e relações raciais. Autêntica. Belo Horizonte, 2007.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS TEXTOS: Cotidiano e Invenção – Os espaços de Michel de Certeau de Fábio B. Josgrilberg e : O senso comum e a vida cotidiana de José de Souza Martins.

No texto Cotidiano e invenção percebemos a concepção de espaço e lugar segundo Certeau; para ele, um “lugar” organiza seus elementos um em referência ao outro. Um lugar pode representar uma vitória sobre tempo. Este texto fala sobre o lugar controlado e o lugar praticado. Neste último está subentendido a noção de espaço. É um texto que traz a leitura de vários autores sobre as idéias de Certeau.

No segundo texto: O senso comum e a vida cotidiana, Martins enfatiza a importância do senso comum na vida cotidiana. Alerta que:

... é no instante das rupturas do cotidiano, que se instaura o momento da invenção, da ousadia, do atrevimento, da transgressão. Já não se trata de remendar as fraturas do mundo da vida, para recriá-lo. Mas dar voz ao silêncio, de dar vida à história. (p.64.)


Portanto, ambos os textos são importantes para que façamos uma reflexão sobre a nossa visão de mundo e nos leva a compreender as diversidades de culturas presentes em nosso cotidiano cientes de que fazemos parte de um espaço amplo e diverso.

Autoria: Angelita B.S.Lima

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Nossa Velha Infância

Cantigas de roda, sambas, quem não sente saudade da infância.?! Ainda é viva na memória de muitos as brincadeiras que marcaram a infância. Em casa, na escola, na casa do vizinho, na rua, meninos e meninas, se deliciam aos sons das cantigas que embalavam suas brincadeiras. Hoje, o computador, os jogos de vídeo-game substituíram o doce prazer dos jogos de rua, das brincadeiras de grupos. Os "orkuts", da vida, as salas de bate-papo e o Messenger, são formas coletivas de se divertir e interar. Mas de que interação estamos falando? No mínimo do contato monólogo entre a criança e a maquina. Cabe aqui uma ressalva: não descarto a qualidade educativa do computador e de outras maquinas modernas, mas discordo da forma como nossas crianças estão sendo instruidas para lhe dar com todo o aparato tecnológico. O computador por exemplo, é sinônimo muito mais de distração do que de educação. Infelizmente a realidade é essa. E como é difícil imaginar a infância sem os jogos de pique - esconde, pega-pega, boca de forno, a pelada na rua, os jogos de baleado!!! Mas essa é uma realidade da infância de hoje. Atualmente qualquer criança de 5 anos sabe mandar um e-mail ou entrar numa sala de bate papo, mas será que elas sabem pular amarelinha, brincar de sete-pedras, ou simplesmente cantar alguma cantiga de roda? As canções que antes embalavam nossas brincadeiras foram substituídas por coletâneas de letras sem sentido, que incentivam a pornografia e o crime. Músicas produzidas e propagadas massivamente pela mídia, que expõe mulheres semi-nuas, dançando e fazendo gestos obscenos. Este é o espelho das nossas crianças, que conhecem ao pé da letra, canções de pagode, axé, funk, sertanejo, que esvaziam as mentes de nossos infantes e propagam a obscenidade. É claro, que não podemos generalizar, pois existe canções e canções, letras e letras, são pois todas a músicas seratnejas ou de funk que são "pobres" de contéudo, algumas delas sim refletem a realidade dos seus compositores, a cultura de um povo, ou a expressão das idéias e musicalidade de um grupo. Mas é precisamos resgatar o velho tempo das brincadeiras coletivas, onde as crianças não ficavam enjauladas e submetidas/escravizadas ao computador, a TV e aos jgos eletrônicos. Precisamos resgatar a liberdade dos jogos de rua, das cantigas, das brincadeiras educativas, o prazer de correr pelas calçadas, de escalar árvores, de chupar fruta madura tirada do pé. Precisamos resgatar, o valor dos jogos antigos, a ingenuidade e a pureza da infância, a particularidade das brincadeiras de roda, das bonecas de panos, dos carrinhos de madeiras, das panelinhas de barro. Nossas crianças precisam saber o valor dos jogos antigos, o gosto da liberdade, o prazer da vida! Nossas crianças precisam voltar a ser CRIANÇA!

E para reavivar nossas memórias vai aí algumas cantigas que embalaram a infância de muitos de nós:

"Samba Lelê está doente
Está com a cabeça quebrada
Samba Lelê precisava
De umas dezoito lambadas

Samba, samba, samba o Lelê
Pisa na barra da saia, o Lelê!

Ô morena bonita,
Como é que se namora
Põe o lencinho no bolso,
Deixa a pontinha de fora"

"Pai Francisco entrou na roda
Tocando seu violão
Dararão, dão, dão !
Vem de lá seu delegado,
E pai Francisco
Vai para a prisão.

Como ele vem
Todo requebrado
Parece um boneco
Desengonçado!"

"Ó meu senhor, eu fui passando
Por de traz da bananeira,
Diz o preto para a preta:
Óh! que linda brincadeira!"

"Pirulito que bate, bate,
Pirulito que já bateu
Quem gosta de mim é ela;
Quem gosta dela sou eu.

Pirulito que bate bate,
Pirulito que já bateu,
A menina que eu amava,
Coitadinha já morreu..."

A barata diz que tem
Sete saias de filó
É mentira da barata
Ela tem é uma só
Ah! Ah! Ah!
Oh! Oh! Oh!
Ela tem é uma só!

A barata diz que tem
Um anel de formatura
É mentira da barata
Ela tem é casca dura.

A barata diz que tem
Uma cama de marfim
É mentira da barata
Ela tem é de capim.

A barata diz que tem
Um sapato de fivela
É mentira da barata
O sapato é da mãe dela.

A barata diz que tem
O cabelo cacheado
É mentira da barata
Ela tem coco raspado"

"Vamos passear no bosque
Enquanto o seu lobo não vem bis

Todas falando:

Está pronto seu Lobo?

Lobo:

Estou tomando banho...

( Estribilho )

Lobo:

Estou vestindo a cueca...

( Estribilho )

Lobo:

Estou vestindo a calça...

(...)

Lobo:

Vou buscar a bengala !"

(Aqui todas saem na carreira e o Lobo atrás, até pegar uma que será o Lobo seguinte.)

Lá vem seu Juca-ca
Da perna torta-ta
Dançando a valsa-sa
Com a maricota-ta

Lá vem seu Pedro-do
Da Perna dura-ra
Dançando valsa-sa
Com a rapadura-ra"

"A canoa virou"

A canoa virou
Por deixar ela virar.
Foi por causa da Fulana
Que não soube remar

Ai se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar
Tiraria a Fulana
Lá do fundo do mar

Como pode peixe vivo
Viver fora d'àgua fria?
Como poderei viver
Sem a tua companhia?

Sapo jururu, na beira do rio.
Quando o sapo canta, maninha,
É porque tem frio...

"Cai, cai balão
Aqui na minha mão.
Não vou lá!
Não vou lá !
Não vou lá!
Tenho medo de apanhar."

"Bam-ba-la-lão
Senhor capitão
Espada na cinta
Sinete na mão."





Postado por Maria Aparecida