Espaço de Cultura

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Serrinha, Bahia, Brazil
Este Blog foi criado com intuito de tornar acessível a um maior número possível de pessoas,a troca de experiêncais e a divulgação do que temos de melhor na cultura da Região Sisaleira,tornando o meio virtual um local de interatividade.Neste blog,uma equipe de quatro alunos do curso de Geografia da Uneb/Campus XI estarão postando fotos,artigos,relatos,entrevistas,mensagens, poemas,entre outras formas de expressão cultural. Compõe esta equipe os seguintes discentes:Angelita Bispo,Crisângela Gardênia,Maria Aparecida Brito e Mariana Martins.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Formação Docente e Pluralidade Cultural

Torna-se uma tarefa imprescindível nos dias de hoje, reconhecer que a sociedade brasileira é composta por uma vasta diversidade cultural e ética, é pois multicultural. Num mesmo esforço, é preciso ainda conhecer a realidade social, marcada por discrepantes diferenças socioeconômicas, além das diferenças de raça, gênero e culturais.

Infelizmente a escola, que possui um papel formador e de valorização da diversidade cultura, é uma das instituições que vem contribuindo e produzindo grandes exclusões na sociedade. O professor neste processo, é um dos reprodutores das diferenças sociais e criador de estereótipo.

Sobre um olhar crítico é preciso uma tentativa de romper com o paradigma excludente, e procurar novas práticas que reconheçam e defenda a bandeira da diversidade cultural.

Ratificamos aqui, a necessidade de formação docente voltada a valorização da pluralidade cultural, e construção de práticas pedagógico-curriculares que contemple e considerem a diversidade, principalmente porque no seu local de trabalho – a escola - o docente se depara com diferentes tipos de alunado, e torna-se preciso ter o conhecimento das questões relacionadas a cultura, a raça, ao gênero, a fim de tornar o ambiente escolar um local de acolhimento, formação e não de exclusão e práticas adversas.

Em contra partida as questões relacionadas a educação-diversidade cultural têm sido exploradas sobre quatro enfoques principais: assimilação, reprodução, aceitação e conscientização. A assimilação vai de encontro ao paradigma estrutural-funcionalista, onde o professor possui uma postura acrítica, e os conhecimentos são transmitidos sobre o enfoque das questões culturais dos dominantes. A perspectiva crítica baseia-se numa abordagem crítico-reproducionista da educação. Possui uma visão reducionista da educação. Nas perspectivas de aceitação e conscientização esta inserida num movimento de resgate a espaço dentro da escola, este é um espaço de transformação, de troca de experiências, não se restringe, pois a um espaço de reprodução e exclusões. As relações sociais, dentro do espaço escolar são marcadas pela interação professor-aluno-escola, daí a necessidade de uma prática pedagógica propositiva que contemplem as questões relacionadas à diversidade cultural. Deve-se pois buscar a integração da realidade docente, com suas vivências e práticas, com a realidade do aluno, também com suas praticas e vivências cotidianas.

Urge romper com o abismo que separa os indivíduos e reproduz desigualdades. É necessário quebrar as visões estereotipadas - que muitas vezes são reproduzidas pelos próprios docentes – e os preconceitos a crianças faveladas, meninos de rua, deficientes, crianças negras, alunos com dificuldade de aprendizagem, crianças de escolas de classe baixa. E a escola tem o papel de transformação desta realidade, sendo o professor, um agente imprescindível para essas mudança.

Uma forma para mudança do paradigma instituído, é o docente procurar trabalhar a vivência do cotidiano de seus alunos. A prática pedagógica deve ser norteado pela valorização do saberes e fazeres do alunado, valorização da construção diária, cotidiana dos alunos, tratando inclusive como conteúdo de disciplinas, aquilo que é próximo dos alunos, o que é vivido. Tratar das questões culturais, raciais, questões de gênero, fazendo uma abordagem com os espaço vivido, com aquilo que cerca o mundo dos alunos, é uma atitude que promove e qualifica o desempenho dos alunos, tendo em vista que este se sentem bem mais cativados a trabalhar estas questões. Deste modo, a escola tornar-se um espaço de transmissão de valores e valorização da diversidade.

Uma questão emergente que ainda refere-se a temática da diversidade cultural é a necessidade de ruptura com o mito da democracia racial brasileira, desta forma precisamos compreender que não se pode mais admitir que desigualdades sociais, econômicas e raciais continuem a imperar na nossa sociedade. Neste sentido, o enfretamento, a não subjugação, a resistência, tornam fatores imprescindíveis no âmbito escolar.

Em suma trabalhar na formação docente a inserção de debates relacionados a diversidade cultural e a busca da conscientização cultural são passos importantíssimos para mudança da realidade do ensino e ruptura com os padrões instituídos pelas classes dominantes. O professor deve ser um conhecedor da realidade que cerca o ambiente escola e especialmente conhecedor da realidade do alunado. Deve-se buscar uma aproximação maior com a realidade discente, bem como torna-se necessário uma conscientização por parte dos docentes no sentido de mobilizar novas práticas e adotar novas posturas para que novas tessituras sejam desenhadas, construindo uma sociedade plural, mas que ao mesmo tempo respeite as individualidades e particularismo dos diversos grupos, uma sociedade onde de fato exista uma PLURALIDADE CULTURAL.

REFERÊNCIA: CANEN, Ana. Universos culturais e representações docentes: subsideos para a formação de professores para a diversidade cultural. In: Educação e Sociedade. Ano XXII, nº 77, Dez/2004.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Diversidade étnico-racial e Educação no contexto brasileiro: algumas reflexões

O Brasil se destaca como uma das maiores sociedade multirraciais do mundo e abriga um número relevante de descentes de africanos distribuídos em seu território. Essa distribuição demográfica ético-racial é passível de diferentes interpretações, uma delas é a realizada pelo Movimento Negro e por um grupo de intelectuais que estudam as questões raciais no país. Do ponto de vista étnico-racial 44,6 % da população brasileira apresenta ascendência africana que se expressa na cultura, na corporeidade, e/ou na construção de sua identidade.

È nesse contexto histórico, político, cultural e social que os negros(as) do Brasil constroem suas identidades, e dentre elas a identidade negra. Desse modo, aos poucos os contornos de nossa identidade são estabelecidos pela diferença e pelo trato social, cultural, histórico e político que estas recebem durante o percurso na sociedade.

As identidades negras são marcadas por um contexto peculiar que advém de séculos de escravidão, pela colonização e dominação de grupos sociais e étnicos-racais específicos, pela resistência negra à escravidão através de um processo tenso e "negociado" da abolição. A partir da década de 80, assistimos uma nova forma de atuação política dos negros e negras brasileiros. Passando a atuar ativamente por meio dos movimentos sociais, sobretudo os de caráter identitário trazendo novas formas de atuação e reivindicação.

O Movimento negro reivindica que a questão do negro deveria ser compreendida como uma forma de opressão e exploração estruturante das relações sociais e econômicas brasileiras, acirradas pelo capitalismo e pela desigualdade social. Atualmente o Movimento Negro passa a focalizar a denúncia da postura de neutralidade do Estado frente a desigualdade racial reivindicando-lhes a doação de políticas de ação afirmativa. Essa trajetória histórica e política do Movimento Negro se desenvolve imersa nas várias mudanças vividas pela sociedade brasileira ao longo dos últimos anos e se da em articulação com as transformações de ordem mundial, o acirramento da globalização capitalista e a construção das lutas contra-hegemonicas.

Dentre os diversos discursos que permeiam a sociedade a respeito do negro, é o mito da democracia racial , ideologia que parte das relações harmoniosas entre os grupos étnico- raciais omitindo e desviando o foco da profunda desigualdade racial existente no nosso país e dos impactos do racismo na vida dos negros e negras brasileiros. Desviando o foco ainda das situações cotidianas de humilhação e racismo vivido por boa parte da população e pela exclusão dessa população na educação básica, saúde, acesso a terra, a trabalho, a lazer e a inserção na universidade. Todavia, mesmo quando um negro consegue uma ascensão social, esses não deixam de viver situações de racismo e de serem tratados com desconfiança e incômodo. Os negros e negras brasileiras lutam contra esses processos ideológicos, políticos, culturais e sociais de cunho racista impregnado no imaginário e nas práticas sociais. Acredita-se que a superação do racismo da desigualdade racial possibilitará transformações éticas e solidárias para toda a sociedade e permitirá o efetivo exercício da cidadania, questionando assim o mito da democracia racial. Porém para tais feitos aconteçam é necessário à construção de oportunidades iguais para negros e brancos que possibilitem de modo igualitário e cidadão a diferença entre as 'raças' e extrapole o plano de discurso: 'politicamente correto'.

O Movimento Negro tem cobrado um posicionamento ético e responsável da escola, entendida como direito social e como uma das instituições responsáveis pelo processo de formação humana, que a mesma se efetiva ainda como um espaço do direito à diversidade e a diferente. "A escola, sobretudo a pública deverá inserir a questão racial no seu projeto político – pedagógico, toma-la como eixo das práticas pedagógicas e articula-las nas discussões que permeiam o currículo escolar." (SANTOS, 1996)

A escola brasileira de fato é um direito social de todos, onde precisa conhecer e reconhecer as diferenças dos sujeitos que fazem a escola. É responsável em desenvolver projetos eficazes de combate ao racismo e de superação das desigualdades raciais. A partir de então várias iniciativas de formação de professores para a diversidade étnico-racial vêm sendo realizadas no Brasil. Entretanto os educadores ainda se encontram em uma grande insegurança diante do trato pedagógico da diversidade étnico-racial. A exemplo de iniciativas do Ministério da Educação temos a lei 10.639/03, que se encontra nos cursos de formação de professores como suporte para um olhar sobre as questões dos negros no Brasil. A escola pública e privada são convocadas para realizarem uma revisão de posturas, valores, conhecimento e currículo na perspectiva étnico-racial. É somente pela força da lei 10.639/03,que a questão racial começa a ser pedagógica e politicamente assumida pelo estado, pela escola, pelos currículos e pelos processos de formação, ainda com muita resistência.

Não há como negar o protagonismo do Movimento Negro brasileiro nesse percurso. Esse por sua vez, pode ser melhor compreendido como um novo sujeito coletivo e político. Um coletividade assim, que elabora identidades e se organizam práticas através das quais defendem seus interesses, constroem identidades marcadas por interações e processos de reconhecimentos recíprocos. Possibilitando aos indivíduos reconhecerem-se nesses novos significados, o Movimento Negro buscou a chave na história para compreender a realidade do povo negro no Brasil

Assim há uma necessidade de negar a história oficial e de contribuir para a construção de uma nova interpretação da trajetória do negro no Brasil. O Movimento negro é, portanto fruto de uma "negatividade histórica", de buscar que esta mesma história seja contada como de fato aconteceu.

A lei 10.639/03 e suas diretrizes podem ser consideradas como parte do projeto educativo emancipatório do Movimento Negro em prol de uma educação anti-racista e que reconheça e respeite a diversidade. Diante de tais desafios os educadores e educadoras brasileiros são convocados a construir novas posturas e práticas pedagógicas e sociais. Eles, portanto, são chamados a construir uma pedagogia da diversidade.

Baseado no texto Diversidade étnico-racial e Educação no contexto brasileiro: algumas reflexões, de Nilma Lino Gomes,

REFERÊNCIA: GOMES, Nilma Lino. Um olhar além das fronteiras: educação e relações raciais. Autêntica. Belo Horizonte, 2007.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS TEXTOS: Cotidiano e Invenção – Os espaços de Michel de Certeau de Fábio B. Josgrilberg e : O senso comum e a vida cotidiana de José de Souza Martins.

No texto Cotidiano e invenção percebemos a concepção de espaço e lugar segundo Certeau; para ele, um “lugar” organiza seus elementos um em referência ao outro. Um lugar pode representar uma vitória sobre tempo. Este texto fala sobre o lugar controlado e o lugar praticado. Neste último está subentendido a noção de espaço. É um texto que traz a leitura de vários autores sobre as idéias de Certeau.

No segundo texto: O senso comum e a vida cotidiana, Martins enfatiza a importância do senso comum na vida cotidiana. Alerta que:

... é no instante das rupturas do cotidiano, que se instaura o momento da invenção, da ousadia, do atrevimento, da transgressão. Já não se trata de remendar as fraturas do mundo da vida, para recriá-lo. Mas dar voz ao silêncio, de dar vida à história. (p.64.)


Portanto, ambos os textos são importantes para que façamos uma reflexão sobre a nossa visão de mundo e nos leva a compreender as diversidades de culturas presentes em nosso cotidiano cientes de que fazemos parte de um espaço amplo e diverso.

Autoria: Angelita B.S.Lima

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Nossa Velha Infância

Cantigas de roda, sambas, quem não sente saudade da infância.?! Ainda é viva na memória de muitos as brincadeiras que marcaram a infância. Em casa, na escola, na casa do vizinho, na rua, meninos e meninas, se deliciam aos sons das cantigas que embalavam suas brincadeiras. Hoje, o computador, os jogos de vídeo-game substituíram o doce prazer dos jogos de rua, das brincadeiras de grupos. Os "orkuts", da vida, as salas de bate-papo e o Messenger, são formas coletivas de se divertir e interar. Mas de que interação estamos falando? No mínimo do contato monólogo entre a criança e a maquina. Cabe aqui uma ressalva: não descarto a qualidade educativa do computador e de outras maquinas modernas, mas discordo da forma como nossas crianças estão sendo instruidas para lhe dar com todo o aparato tecnológico. O computador por exemplo, é sinônimo muito mais de distração do que de educação. Infelizmente a realidade é essa. E como é difícil imaginar a infância sem os jogos de pique - esconde, pega-pega, boca de forno, a pelada na rua, os jogos de baleado!!! Mas essa é uma realidade da infância de hoje. Atualmente qualquer criança de 5 anos sabe mandar um e-mail ou entrar numa sala de bate papo, mas será que elas sabem pular amarelinha, brincar de sete-pedras, ou simplesmente cantar alguma cantiga de roda? As canções que antes embalavam nossas brincadeiras foram substituídas por coletâneas de letras sem sentido, que incentivam a pornografia e o crime. Músicas produzidas e propagadas massivamente pela mídia, que expõe mulheres semi-nuas, dançando e fazendo gestos obscenos. Este é o espelho das nossas crianças, que conhecem ao pé da letra, canções de pagode, axé, funk, sertanejo, que esvaziam as mentes de nossos infantes e propagam a obscenidade. É claro, que não podemos generalizar, pois existe canções e canções, letras e letras, são pois todas a músicas seratnejas ou de funk que são "pobres" de contéudo, algumas delas sim refletem a realidade dos seus compositores, a cultura de um povo, ou a expressão das idéias e musicalidade de um grupo. Mas é precisamos resgatar o velho tempo das brincadeiras coletivas, onde as crianças não ficavam enjauladas e submetidas/escravizadas ao computador, a TV e aos jgos eletrônicos. Precisamos resgatar a liberdade dos jogos de rua, das cantigas, das brincadeiras educativas, o prazer de correr pelas calçadas, de escalar árvores, de chupar fruta madura tirada do pé. Precisamos resgatar, o valor dos jogos antigos, a ingenuidade e a pureza da infância, a particularidade das brincadeiras de roda, das bonecas de panos, dos carrinhos de madeiras, das panelinhas de barro. Nossas crianças precisam saber o valor dos jogos antigos, o gosto da liberdade, o prazer da vida! Nossas crianças precisam voltar a ser CRIANÇA!

E para reavivar nossas memórias vai aí algumas cantigas que embalaram a infância de muitos de nós:

"Samba Lelê está doente
Está com a cabeça quebrada
Samba Lelê precisava
De umas dezoito lambadas

Samba, samba, samba o Lelê
Pisa na barra da saia, o Lelê!

Ô morena bonita,
Como é que se namora
Põe o lencinho no bolso,
Deixa a pontinha de fora"

"Pai Francisco entrou na roda
Tocando seu violão
Dararão, dão, dão !
Vem de lá seu delegado,
E pai Francisco
Vai para a prisão.

Como ele vem
Todo requebrado
Parece um boneco
Desengonçado!"

"Ó meu senhor, eu fui passando
Por de traz da bananeira,
Diz o preto para a preta:
Óh! que linda brincadeira!"

"Pirulito que bate, bate,
Pirulito que já bateu
Quem gosta de mim é ela;
Quem gosta dela sou eu.

Pirulito que bate bate,
Pirulito que já bateu,
A menina que eu amava,
Coitadinha já morreu..."

A barata diz que tem
Sete saias de filó
É mentira da barata
Ela tem é uma só
Ah! Ah! Ah!
Oh! Oh! Oh!
Ela tem é uma só!

A barata diz que tem
Um anel de formatura
É mentira da barata
Ela tem é casca dura.

A barata diz que tem
Uma cama de marfim
É mentira da barata
Ela tem é de capim.

A barata diz que tem
Um sapato de fivela
É mentira da barata
O sapato é da mãe dela.

A barata diz que tem
O cabelo cacheado
É mentira da barata
Ela tem coco raspado"

"Vamos passear no bosque
Enquanto o seu lobo não vem bis

Todas falando:

Está pronto seu Lobo?

Lobo:

Estou tomando banho...

( Estribilho )

Lobo:

Estou vestindo a cueca...

( Estribilho )

Lobo:

Estou vestindo a calça...

(...)

Lobo:

Vou buscar a bengala !"

(Aqui todas saem na carreira e o Lobo atrás, até pegar uma que será o Lobo seguinte.)

Lá vem seu Juca-ca
Da perna torta-ta
Dançando a valsa-sa
Com a maricota-ta

Lá vem seu Pedro-do
Da Perna dura-ra
Dançando valsa-sa
Com a rapadura-ra"

"A canoa virou"

A canoa virou
Por deixar ela virar.
Foi por causa da Fulana
Que não soube remar

Ai se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar
Tiraria a Fulana
Lá do fundo do mar

Como pode peixe vivo
Viver fora d'àgua fria?
Como poderei viver
Sem a tua companhia?

Sapo jururu, na beira do rio.
Quando o sapo canta, maninha,
É porque tem frio...

"Cai, cai balão
Aqui na minha mão.
Não vou lá!
Não vou lá !
Não vou lá!
Tenho medo de apanhar."

"Bam-ba-la-lão
Senhor capitão
Espada na cinta
Sinete na mão."





Postado por Maria Aparecida

sexta-feira, 30 de maio de 2008

O lugar Controlado

"Espaço" e "lugar" - aparato disciplinador.
Tais expressões não são termos opostos, mas dois aspectos de um unico tema extremamente complexo: a organização dinâmica de uma sociedade, para Certau o "Lugar" indica um "lugar próprio"onde os elementos que constituem estão organizados de forma estável . Uma ação que organiza seus elementos sem considerar seus movimentos. O"lugar" é organizado por"estratégias", essas determinam um lugar que pode ser administrado em relação a uma exterioridade composta de alvos e ameaças.
Michel de Foucault se tornou conhecido por suas análises da organização disciplinar ou das chamadas micropolíticas de poder que controlam a sociedade. A reflexão foucaultiana se baseia em procedimentos estratégicos de um intelectual sustentado pelo poder de suas posição na academia.
A disciplins e a anti disciplina são partes da mesma equação. Certeau não pretende negar o poder do "aparato disciplinar" ou dos "procedimentos estratégicos" que organizam o espaço. Antes, ele dirigesua atenção ao status de seus discursos e como eles são recebidos ou "consumidos". Tecnlogias principais de poder: o soberano (punição tirânica), a punição analógica (la cité punitive) e a instituição administrativa.
Tecnologai do poder que se espalha por inúmeros procedimentos e com um objetivo semelhante: o controle e a observação do corpo. A chaveaqui é "disciplina". Docilidade - relação de utilidade com o poder que organiza o espaço.
A divisão de espaço e a disposição de seus elementos viam uma ordem. Também é necessário controlar as atividades de cada lugar. o controle de tais atividades exige o gerenciamento de tempo, a organização de ciclos de repetições e a limitação de ocupações específicas dentro de um lugar.
"O poder se articula diretamente sobre o tempo", a partir do controle de uma dispersão temporal que lhe escapa (Ibidem, p.188). Sgundo ele, o aparato disciplinar determina um tempo linear, onde cada momento está relacionado um ao outro, orientado a um final (Ibidem, p.188). Esse tempo serial é efeito da disciplina (Ibidem, p.188).
"No exercício que se impõe a ele e ao qual ele resiste, o corpo desenha suas correlações essenciais e rejeita espontaneamente o incompatível". Essa rejeição do corpo acontece quando a técnica disciplinar aplicada é por demais artificial.
Certeau, por sua vez, busca desde o princípio teorizar sobre essas possibilidades de resistência. A importância da análise de Foucault sobre o aparato disciplinar não é negado por certeau.
Saliente-se também a importância que ambos os autores à escrita. Para ele, a disciplina como tecnologia do poder não substitui os outros poderes, mas os infiltra para garantir uma melhor distribuição de poder. Há algo que foge ao controle. Mais o que os sujeitos de sua individualidade e das tarefas a eles designado pelo aparatodisciplinar não tem relevancia para Foucault.
A máquina estruturistica de Certeau e o aparato disciplinar de Foucault compartilham um vasto campo comum. Certeau atende a história "no sentido de historiografia", ou seja, "História como prática". Quanto a história, Certeau questiona sua capacidade e a dos historiadores de representarem o real. "o historiador escreve, ele produz o lugar e um tempo". Cada método ou cultura apresenta o seu conjunto de operações para controlar e organizar o espaço, métodos que podem variar de um periodo histórico para outro.
Para Certeau, o historiador trabalha entre duas categorias do real: o conhecimento e o implicado. O trabalho do historiador, dessa forma, oscila entre essas duas categorias: o implicado e o conhecido. Para Certeau, o historiador modifica o espaço de forma semelhante a um urbanista ou um arquiteto. A transformação da natureza, mais uma vez, depende sempre de um lugar e das tecnicas de produção disponiveis ao historiador em um dado período.
Escrita - a escrita tem um carater
mítico e ritualista, articulando ausência e produção dentro de um espaço.







A Interculturalidade no Cotidiano de uma Escola Indígena

Quando se fala de interculturalidade, a idéia que nos vem à mente é que duas ou mais culturas estão relacionando de alguma forma.
A escola, quando se instala no comunidade indígena, traz no seu cerne essa problemática, visto ser ela uma intituição tão caracteristicamente criadas pelas sociedades.
Metas elaboradas recentemente para o plano nacional de educação: " criar, dentro de um ano, a categoria oficial de ' escola bilígüe', para quer a especificidade do modelo de educação intercultural e bilígüe seja assegurada".
Entretanto, se, por um lado, há um consenso quase unânime de que a escola indígena deva ser intercultural, por outro, parece haver varias concepções sobre o modo como a interculturalidade se concretiza no dia-a-dia de uma esciola indigena.
São inumeras as escolas indígenas obrigadas a seguir programas curriculares determinados por secretarias municipais de educação, que exigem cumprimentos de horários, calendários, modos de avaliação das crianças e outros quesitos nada compatíveis com os processos educativos presentes nas diferentes sociedades indigenas.
Evidencia-se muito claramente que as relações entre as sociedades indigenas e a sociedades majoritória, dominadora, estão acontecendo de maneira extremamente assimétrica, desigual, ainda pautando-se pelos parâmetros impositivos implantados pelos colonizadores europeus desde que aqui chegaram. o que acontece ainda hoje na maioria das escolas existentes em áreas indigenas é o reflexo de uma situação sociopolítica mais abrangente, que marca as relações entre os povos indígenas e nossa sociedade.
Ações pedagógicas, que tem possibilitado a manutenção das alteridades, revestem-se de caracteristica diferenciadas segundo a cultura própria de cada sociedade indígena. Entretanto, mesmo considerando essas diferenças podemos encontrar elementos que permitem visualizar processos educacionais em curso em cada um deses povos. há espaços propicios à socialização dos novos membros, como a casa, pátio de realização dos rituais, ou as casas cerimoniais.
A educação, pensada como um processo contínuo, tem como objetivo socializar os novos membros e isso encarado como uma responsabilidade do grupo todo. O respeito e o incentivo à atitude autônoma do educando caracterizam as ações peadagógicas necessárias ao êxito do processo.
Se só os conhecimentos da cultura majoritária forem valorizados, continuaremos a considerar os povos indigenas como incapases de produzir conhecimentos. Um dos postulados básicos de Freire é o de que o educando deve ser considerado como sujeito de seu próprio processo de aprendizagem, partindo de sua própria palavra, sua lingua, sua cultura, sua situação histórica, fazendo uma leitura do mundo e não apenas uma decodificação de sinais gráficos, desligados da vida das pessoas.
A proposta curricular elaborada para esse reconhecimento foi longamente discutida com a comunidade e, ao tratrar dos aspectos relativos à aquisição dos conhecimentos, aponta um caminho metodológico nos quais os conhecimentos tapirapé não estejam ausentes do cotidiano escolar.
A mudança de perspectiva- em vez da escola em área indígena, tornar-se uma escola indígena de fato, uma escola inserida na comunidade educativa própria de cada povo- traz novas dimensões para a discussão acerca da interculturalidade que está presente na escola indígena porque as relações entre as duas sociedades estão, efetivamente, permeando a vida de qualquer grupo indígena na situção pós-contato. a própria existência da instituição escolar já exemplificada esse fato.
Interculturalidade não está num modelo que prioriza ora os conhecimentos acumulados pela sociedade ocidental, ora os conhecimentos produzidos pelas sociedades indigenas, mas na garantia de a escola um espaço que reflita a vida dos povos indigenas hoje, com as contradiçoes presentes nas relações entre as diferentes sociedades, com a possibilidade de ser integrada nos processos educativos de cada povo.

Baseado no texto de Eunice Dias de Paula, A Interculturalidae no Cotidiano de uma Escola Indigena, Dezembro de 1999.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Benzedeiras: uma tradição de fé e cura

As rezadeiras tem remédio para tudo. Não há doença que não se cure. Espinhela caída, carne quebrada, cobreiro, quebranto, mal olhado, doenças nervosas, encosto, doenças físicas, todos esses males tem solução!

A tradição de cura através de rezas, banhos, chás e efusões, ainda é presente na sociedade moderna. Apesar de resistir a poucos lugares e quase nunca existente nos grandes centros, a cura medicinal sem utilização de medicamentos farmacológicos, e a tradição das benzedeiras ainda possuem um grande prestígio, em especial nos cidades interioranas.

O cantar silencioso, e o chacoalhar de ramos de ervas, traduz a ciência de um povo, o conhecimento do cotidiano. Gripe, mal estar, doenças crônicas, ou até mesmos doenças sem curas, tem sido amenizadas pela utilização de receitas caseiras. O que a ciência leva anos em pesquisa, tentando encontrar a cura por exemplo do câncer, as benzedeiras, pelo seu conhecimento tradicional e cotidiano, já indicam as possíveis formas terapêuticas de cura, até nos caso desenganados pela medicina. Como explicar essa ciência popular? Como justificar a cura de doenças tidas como "incuráveis" pela utilização de ervas naturais, banhos e chás.

"As benzedeiras apelam para santos católicos, entidades de umbanda e personagens folclóricos brasileiros. Santa Luzia é evocada para curar males da visão. Com fé em Santa Brígida, a garantia do fim da dor de cabeça. Se engasgar, é só rogar por São Brás. O Preto Velho tira o mau-olhado de crianças. Aliar-se a São Jorge afasta ferimentos provenientes das lâminas frias de armas brancas. A Escrava Anastácia livra das perseguições e injustiças. Santos fortes para rezas fortes. Mas, garantem os religiosos, maior que qualquer santo é a fé de quem procura a bênção."

A cultura das benzedeiras é uma herança familiar. Geralmente numa mesma família, a avó,o pai, a mãe, e tias também compartilham deste "dom". Um sconhecimento passado de geração para geração. “As rezas devem ser mantidas em segredo. Caso contrário, quebram-se as forças, perdem o poder” diz seu Galdino Ferreira da Silva, 79, de Cajazeiras (PB), rezador famoso na sua cidade.

Mas as rezas não servem somente para pessoas, até mesmo os animais podem ser livrados do mal. Cavalos, galinhas, cachorros, casas, objetos, propriedades, tudo pode ser "benzido".

As benzedeiras acreditam no poder de suas atividades e se propõe sempre dispostas a atender os que recorrem aos seus cuidados. “Não sei ler, nem escrever. Rezar para os outros foi uma das melhores coisas que aprendi na vida”, comenta Delecina Alves Pereira, 65, da Cidade de Ouro Preto (MG).

Podemos enumerar algumas situações ligadas as atividades das benzedeiras:

OS MALES E AS REZAS

Quebranto

Também conhecido como mal olhado. Provoca moleza em crianças, sono e irritação “Com dois puseram, com três eu tiro. Com as três pessoas da Santíssima Trindade, que tira quebranto e mau-olhado, pras ondas do mar, pra nunca mais voltar”

Espinhela caída


Dor na região do tórax, associada à debilidade física “Barquinho de Santa Maria navega no mar sem emborcar. Levanta a sua espinhela, põe tudo no seu lugar”

Carne quebrada


Dor muscular provocada por ferimentos internos “O que é que eu cosi? Assim mesmo eu coso, osso rendido, nervo magoado, veia sentida, carne quebrada. Assim mesmo eu coso, em louvor a São Frutuoso” A reza é feita enquanto se costura um pedaço de pano com agulha e linha.

Erisipela


Doença infecciosa, que provoca inflamação da pele “Ezipa, erisipela, deu no tutano. Do tutano deu no osso, do osso deu na carne, da carne deu na pele, da pele vai pras ondas do mar sagrado, com o poder de Deus e da Virgem Maria”

Adaptado do texto de João Rafael Torres.

Disponível em :< ttcd_chave="443">

MOVIMENTOS ANTI-GLOBALIZAÇÃO

É um movimento diferente dos outros movimentos. Surgiu no século XX e nega a forma grosseira como o capitalismo se reproduz e busca encontrar soluções alternativas para os problemas sociais geradas pelo capitalismo. O exemplo do movimento de Seattle 1998 é tido como referencial, pois colocou o movimento na mídia.

Na verdade o movimento antiglobalização é um grupo formado por indivíduos que tentam mudar o cenário político mundial. Atuando em rede e bem articulados, conseguiram ganhar visão em proporções globais. Foi de grande importância o surgimento deste movimento, pois colocou à tona os efeitos destrutivos que o modo de vida capitalista causa nos humanos no mundo animal e vegetal.

Esse movimento permitiu denunciar de maneira clara as contradições globalizantes do capitalismo e a forma cruel como ele destrói as individualidades e particularidades da ação humana, a sua cultura e tradição. Foi uma forma de resistência e necessidade de se criar um novo modelo que busque o desenvolvimento econômico que tenha o respeito à justiça e a igualdade social.

Este movimento é composto por varias outras organizações sociais e variados grupos. A maioria das organizações que compõe o movimento não é totalmente contra a globalização, mas defendem a necessidade de mudar a forma de como este processo se desenvolve. O abismo existe entre ricos e pobres.

Entre 1998 e 2001 o movimento lutou principalmente para as questões de relação entre os paises, como por exemplo, a anistia da divida dos paises pobres. Lutou-se também pelos direitos humanos, as manipulações genética, a destruição do meio.

A mídia e as ferramentas tecnologias têm servido como apoio para divulgação dos movimentos. A internet tornou-se o principal instrumento de comunicação.

Ressaltamos aqui a importância deste tipo de movimento contra massificação imposta pelo capitalismo que apregoa a unificação do discurso, da cultura, bem como ressaltar a importância de atuação do mesmo. Reagir contra os efeitos drásticos do capitalismo e globalitarismo cruel torna-se uma necessidade urgente da sociedade atual e uma maneira de minimizar os efeitos daninhos imposto pelo sistema.

Baseado no livro de Maria da Glória Gohn "Movimentos Sociais no inicio do século XX: antigos e novos atores sociais."

sábado, 17 de maio de 2008

FITOTERAPIA



A fitoterapia do grego (Phyto) vegetal e (therapeia) tratamento, pode ser entendida como uma especialidade médica, como a terapêutica das doenças através das plantas, ou seja, o tratamento de doenças com o auxílio de substâncias naturais. É senão o estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das doenças. Os tratamentos fototerápicos são bastante antigos, remetem a China, por volta de 3000 a.C. e a Mesopotâmia 2600 a. C.

O incentivo ao uso de medicamentos e tratamento e substancias fitoterápicas visa principalmente prevenir, solucionar ou pelo menos minimizar os sintomas das doenças, com um custo mais acessível à população já que é bem visível na sociedade a comercialização de medicamentos caríssimos, que devido às patentes tecnológicas tornam-se inacessíveis a maioria da população.

Há uma grande quantidade de plantas medicinais, em todas as partes do mundo, utilizadas há milhares de anos e por inúmeros povos para o tratamento de doenças, através de mecanismos na maioria das vezes desconhecidos, mas que são sem dúvidas bastante eficazes. As plantas medicinais são utilizadas de forma caseira, principalmente através de chás, ou de forma industrializada, com extrato homogêneo da planta.

Muitas vezes, o conhecimento sobre plantas medicinais simboliza em algumas situações o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos, já que o uso de plantas no tratamento de enfermidades é tão antigo quanto a espécie humana.

O Ministério da Saúde e a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) regulamentariza e fiscaliza o uso e comercialização dos medicamentos fototerápicos,

“Todo medicamento tecnicamente obtido e elaborado, empregando-se, exclusivamente, matérias primas ativas vegetais com a finalidade profilática, curativa ou para fins de diagnóstico, com benefício para o usuário. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade; é o produto final acabado, embalado e rotulado. Na sua preparação podem ser utilizados adjuvantes farmacêuticos permitidos pela legislação vigente. Não podem estar incluídas substâncias ativas de outras origens, não sendo considerado produto fitoterápico quaisquer substâncias ativas, ainda que de origem vegetal, isoladas ou mesmo suas misturas.” (BRASIL, 1995).

O consumo de remédios à base de ervas e plantas medicinais é prática comum em muitas partes do mundo, e esse consumo vem crescendo gradativamente. Além de uma forte tendência de resgate às tradições de curas, perdidas pela massificação do discurso que o uso de medicamentos "caseiros" só trariam prejuízos e atrasos nos tratamentos das doenças.

Atualmente, muitos cientistas renomados e médicos experientes, já têm reconhecido que as práticas de cura, próprias de muitas comunidades - os indígenas por exemplificar e grupos pequenos possuem uma eficácia comprovada. Os grandes laboratórios e as universidades passaram a estudar e comprovar os efeitos medicinais das plantas, o que tem contribuído para aumentar o conhecimento a respeito da fototerapia.

È importante ressaltar que cada planta é constituída de inúmeros princípios ativos que agem associadamente, ou seja, tornando o efeito do conjunto mais potente e com menos efeitos colaterais que cada princípio ativo isolado.

No Brasil, devido à riqueza da flora e ao conhecimento popular transmitido através das gerações, uma infinidade de plantas medicinais foram identificadas, sendo úteis no tratamento de um grande número de doenças, e isto tem despertado o interesse de inúmeros pesquisadores. Um dado lamentável, que também é perceptível, é o fato de além de pesquisadores sérios, que estão interessados em contribuir com a medicina, descobrindo a cura de muitas doenças através das plantas medicinais, um outro vasto número de indivíduos têm se apossado da diversidade de plantas de nosso país e praticado a biopirataria.

A BIOPIRATARIA é a apropriação, exploração, manipulação e comercialização ilegal de recursos biológicos ( da fauna e da flora). Deste modo, grandes empresas internacionais mandam para o Brasil pesquisadores que "invadem" as matas e florestas brasileiras, aliciam índios, e mateiros, oferecendo dinheiro, e vantagens – uma espécie de escambo aos moldes modernos – e levam para o exterior inúmeras ervas e compostos medicinais retirados de nossa fauna e flora. Em seus laboratórios modernos, estudam e exploram os componentes químicos e biológicos e desenvolvem remédios que serão comercializados a custos absurdos no mundo inteiro. Para agravar a situação, patenteiam as substâncias como se estas fossem propriedades suas e restringem para si a exploração e comercialização das mesmas. A biopirataria alimenta uma indústria mundial que fatura bilhões por ano. As próprias indústrias farmacêuticas financiam o tráfego ilegal de animais silvestres, e plantas, ou constroem laboratórios gigantescos em meio à selva brasileira. Temos que "um bom exemplo é o chá de quebra-pedra (Phyllanthus sp.), que as comunidades tradicionais utilizam para fins diuréticos e problemas renais. Esta planta foi processada sinteticamente por um laboratório americano, revendida para o Brasil na forma de remédio industrializado e consumido pelos próprios brasileiros sem que o país ou a população esteja se beneficiando financeiramente." (BIOPIRATARIA. Disponível em: http://www.clickarvore.com.br>. Acesso em 10 mai. 2008)

A fitoterapia possui uma infinidade de modos de aplicação, como, banhos, compressas, infusões, chás, xaropes, cataplasma, decocção, inalação, sucos, tintura, ungüento, entre outros. Mas é importante lembrar que cada planta possuem princípios ativos particulares que agem conjugadamente, ou seja, tornando o efeito do conjunto mais potente e com menos efeitos colaterais que cada princípio ativo isolado, e que para a utilização corretas dos medicamentos fototerápicos, é necessário um acompanhamento especializado, na precaução e na busca da cura das enfermidades, trazendo o menores efeitos colaterais

Investir recorrer aos métodos fitoterápicos, é não só uma forma "alternativa" de buscar a cura das enfermidades, mas uma maneira consciente de reconhecer que restabelecer a saúde não se limita a utilização de medicamentos farmacêuticos, caros, que viciam e nem sempre resolvem o problema. Recorrer a fitoterapia é também um resgate cultural de reconhecimento e valorização da experiência de curandeiros, erveiros e mateiros, pessoas que mesmos sem o conhecimento científico, entendem do poder de cura das ervas, que muitas vezes estão desvalorizados e esquecidos na nossa sociedade. Se sabemos que Buscopam serve para dor, que Benegripe para gripe e Novalgina para febre, precisamos conhecer também que a espinheira santa serve para úlcera, o boldo para má digestão e gases, e a romã para garganta inflamada. Não podemos desconsiderar, portanto este conhecimento transmitido de geração em geração, um conhecimento que não pode ser negado nem tão pouco esquecido.

REFERÊNCIAS

BIOPIRATARIA. Disponível em: . Acesso em 10 de mai. de 2008.

BIOPIRATARIA. Disponível em: <>. Acesso em 10 mai. 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Portaria n. 6 de 31 de janeiro de 1995. Diário Oficial da União de 31 de Janeiro de 1995. Brasília. Disponível em: . Acesso em 10 de mai. de 2008.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Ser Negro!!!!



Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se os olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque, um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária
Em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada:
Nem o traço do sobrado
Nem a lente do fantástico,
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém, ninguém é cidadão
Se você for ver a festa do pelô, e se você não for
Pense no Haiti, reze pelo...
O Haiti  é  aqui
O Haiti não é  aqui
E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer
Plano de educação que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
Do ensino de primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco
Brilhante de lixo do Leblon
E ao ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti, reze pelo
O Haiti  é  aqui
O Haiti não é  aqui


(HAITI, Caetano Veloso)

O senso comum e a vida cotidiana

A Cultura pode ser entendida por um conjunto de ações humanas, que é constantemente adquirida, transformada e acrescentada. Contudo, não podemos afirmar que exista apenas uma cultura, nem tão pouco supervalorizar uma em detrimento de outras, uma vez que a cultura expressa a singularidade/simbologia de um grupo e necessariamente deve respeitada. O que há na verdade são CULTURAS distintas em seu modo de se organizar, de transformar e conviver, assim as ideologias, a arte, a religião a ciência são diferenciadas em diversas partes do mundo. Além disso, é necessário ressaltar que, não há cultura sem a existência humana, sem a existência da sociedade. Uma cultura nunca morre, podemos entender esse fato se analisarmos o exemplo da antiga sociedade dos Incas, ela de fato, não existe mais, porém a cultura e os traços por ela deixados ainda se constituem como representações na história.

Nesse sentido, entendemos que a cultura agrega elementos próprios de experiências, vivências de um povo e por isso traz consigo as imbricações do saber local, do que chamamos de senso comum. O senso comum ao contrário do que se pensa, é um corpo bem organizado e estruturado de idéias que resultam em práticas e vivências, carregadas de sentidos e significados. Portanto, existem outras dimensões que podem definir o que seja o senso comum, este sem dúvidas envolve inteligência, reflexão, discernimento e reinvenções.

Assim sendo, é no cotidiano das pessoas que a cultura é expressada, materializada e manifestada por meio de suas práticas vivenciada, onde o senso comum permite a criação de processos contínuos de reinvenções e recriações. A premissa de ser comum não reside no fato de ser este um conhecimento desprezível, banal, inútil, mas por consistir num arcabouço de conhecimento compartilhado entre sujeitos tornar-se um vínculo primordial que permeia as relações sociais.


Baseado no texto de José de Souza Martins, "O senso comum e a vida cotidiana" e no texto de Clifford Geertz "O senso comum como um sistema cultural"

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Tudo é cultura?

Sim e não, dependendo de usarmos o conceito amplo de cultura ou o conceito restrito. Considerando, em primeiro lugar, o conceito amplo ou antropológico, cultura é o modo como indivíduos ou comunidades respondem às suas próprias necessidades e desejos simbólicos. O ser humano, ao contrário dos animais, não vive de acordo com seus instintos, isto é, regido por leis biológicas, invariáveis para toda a espécie, mas a partir da sua capacidade de pensar a realidade que o circunda e de construir significados para a natureza, que vão além daqueles percebidos imediatamente. A essa construção simbólica, que vai guiar toda ação humana, dá-se o nome de cultura. A cultura, nesse sentido amplo, engloba a língua que falamos, as idéias de um grupo, as crenças, os costumes, os códigos, as instituições, as ferramentas, a arte, a religião, a ciência, enfim, toda as esferas da atividade humana. Mesmo as atividades básicas de qualquer espécie, como a reprodução e a alimentação, são realizadas de acordo com regras, usos e costumes de cada cultura particular. Os rituais de namoro e casamento, os usos referentes à alimentação (o que se come, como se come), o preparo dos alimentos, o tipo de roupa que vestimos, a língua que falamos, as palavras de nosso vocabulário, tudo isso é regulado pela cultura à qual pertencemos. A função da cultura é tornar a vida segura e contínua para a sociedade humana. Ela é o "cimento" que dá unidade a um certo grupo de pessoas que divide os mesmos usos e costumes, os mesmos valores. Deste ponto de vista, portanto, podemos dizer que tudo o que faz parte do mundo humano é cultura. "

Profa. Dra. Maria Helena Pires Martins

http://www.brasilcultura.com.br/conteudo.php?menu=90&id=1242&sub=1304

quarta-feira, 16 de abril de 2008

CULTURA: DIVERSIDADE DE CONCEITOS

O conceito de cultura varia de acordo com os determinados ramos do conhecimento humano. Citaremos alguns deles:

Para as Ciências Sociais, cultura é o aspecto da vida social que se relaciona com a produção do saber, arte, folclore, mitologia, costumes, etc., bem como à sua perpetuação pela transmissão de uma geração à outra.

Para a Sociologia o conceito de cultura tem um sentido diferente do senso comum. Sintetizando, simboliza tudo que é apreendido e partilhado pelos indivíduos de um determinado grupo de pertença. Na sociologia não existe culturas superiores, nem inferiores, pois a cultura é relativa, designando-se em sociologia por , relativismo cultural. Assim a cultura do Brasil, não será igual a cultura portuguesa: existem maneiras distintas de se vestir, de se comportar, maneiras diferentes de agir, crenças diferentes, valores, normas, ou seja padrões diferentes de cultura.

Para a Antropologia a cultura é a totalidade de padrões aprendidos e desenvolvido pelo ser humano.

Para a Filosofia cultura é um conjunto de manifestações humanas que contrastam com a natureza ou o comportamento natural.

No entanto nós nos apropriamos da seguinte definição:

"Cultura pode ser entendida como uma área de estudo da antropologia referente à humanindade, como todo e ao mesmo tempo a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. Por isso defendemos a idéia de que não existe nenhuma sociedade sem cultura. Na nossa concepção esta diz respeito a tudo que caracteriza uma realidade social, a existência social de um povo, de uma nação, ou de grupos que fazem parte da sociedade."

terça-feira, 15 de abril de 2008

Praça Luis Nogueira




Praça Luis Nogueira: Lugar ou não-lugar? / Lugar Controlado ou Lugar praticado?


A Praça Luis Nogueira constitui um espaço diferenciado que pode ser interpretado por diversos vieses. Numa análise mais aprofundada da dinâmica da referida praça, podemos entender ela como um lugar vivido, como lugar controlado, além de ser constituído de micro-territorios. Durante o dia ela possui uma dinâmica própria, nota-se a presença de vendedores ambulantes, motociclistas, aposentados, transeuntes. Ela é para uns indivíduos o lugar de trabalho , o lugar vivenciado, de "garantia do pão" e do sustento da família. Exemplificamos aqui, os vendedores de cachorro-quente, de churrasquinho, de paste, os motoboys, o vendedor de picolé, e tantos outros que utilizam a praça como ponto do seu comercio ou divulgação do seu trabalho. Para outros a praça é o lugar do lazer, do bate-papo com os amigos, o lugar do namoro, o ponto de encontro, para exemplificar essa realidade, temos a "a galera jovem" que utilizam a praça como o local de diversão, bem como as crianças que freqüentam o parquinho da praça. A noite a praça ganha novos contornos: se diurnamente aposentados comerciantes e transeuntes ocupam praça, a noite ela fica "habitada por adolescente e casais de namorados, que são muitas vezes atraídos pelas barraquinhas de acarajé, churrasquinho, beiju, ela é pois nesta perspectiva um lugar praticado.

Dando ênfase a uma análise geográfica podemos perceber que algumas territorializações são construídas nesta praça: nela observamos o território dos motociclistas, o território dos passageiros do ônibus que transportas pessoas para o bairro da cidade nova, o território dos vendedores de pasteis, o território dos aposentados, dos jovens. Estes territórios podem muitas vezes encontrar-se superpostos ou se desfazer de acordo com a ordem cronológica, por exemplo: os aposentados que se territorializam na praça, utilizam bancos próprios, se reúnem para o bate-papo da manha, o jogo de damas ou cartas, especialmente diurnamente. Já os adolescentes também territorializam este espaço, porém estes o fazem durante a noite, e se ocupam de bancos próprios se diferenciando dos outros grupos, podemos perceber e distinguir ai, o território da galera que curte rock, dos jovens evangélicos, dos que curtem pagode, cada grupo marcados por suas características próprias e bastante definidas.

Deste modo julgamos ser a Praça Luis Nogueira um lugar de diferentes tessituras e arranjos, constituindo um espaço vivenciado, um lugar praticado.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Capoeira: luta e resistência!


Capoeira, sinônimo de resisitência!

O samba de roda e seu ritmo dançante!


A importância de se valorizar a cultura, não reside no fato de foclorizar as ações dos indivíduos, mas encará-las como manifestações concretas da cultura de um povo.