Espaço de Cultura

Minha foto
Serrinha, Bahia, Brazil
Este Blog foi criado com intuito de tornar acessível a um maior número possível de pessoas,a troca de experiêncais e a divulgação do que temos de melhor na cultura da Região Sisaleira,tornando o meio virtual um local de interatividade.Neste blog,uma equipe de quatro alunos do curso de Geografia da Uneb/Campus XI estarão postando fotos,artigos,relatos,entrevistas,mensagens, poemas,entre outras formas de expressão cultural. Compõe esta equipe os seguintes discentes:Angelita Bispo,Crisângela Gardênia,Maria Aparecida Brito e Mariana Martins.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

A Interculturalidade no Cotidiano de uma Escola Indígena

Quando se fala de interculturalidade, a idéia que nos vem à mente é que duas ou mais culturas estão relacionando de alguma forma.
A escola, quando se instala no comunidade indígena, traz no seu cerne essa problemática, visto ser ela uma intituição tão caracteristicamente criadas pelas sociedades.
Metas elaboradas recentemente para o plano nacional de educação: " criar, dentro de um ano, a categoria oficial de ' escola bilígüe', para quer a especificidade do modelo de educação intercultural e bilígüe seja assegurada".
Entretanto, se, por um lado, há um consenso quase unânime de que a escola indígena deva ser intercultural, por outro, parece haver varias concepções sobre o modo como a interculturalidade se concretiza no dia-a-dia de uma esciola indigena.
São inumeras as escolas indígenas obrigadas a seguir programas curriculares determinados por secretarias municipais de educação, que exigem cumprimentos de horários, calendários, modos de avaliação das crianças e outros quesitos nada compatíveis com os processos educativos presentes nas diferentes sociedades indigenas.
Evidencia-se muito claramente que as relações entre as sociedades indigenas e a sociedades majoritória, dominadora, estão acontecendo de maneira extremamente assimétrica, desigual, ainda pautando-se pelos parâmetros impositivos implantados pelos colonizadores europeus desde que aqui chegaram. o que acontece ainda hoje na maioria das escolas existentes em áreas indigenas é o reflexo de uma situação sociopolítica mais abrangente, que marca as relações entre os povos indígenas e nossa sociedade.
Ações pedagógicas, que tem possibilitado a manutenção das alteridades, revestem-se de caracteristica diferenciadas segundo a cultura própria de cada sociedade indígena. Entretanto, mesmo considerando essas diferenças podemos encontrar elementos que permitem visualizar processos educacionais em curso em cada um deses povos. há espaços propicios à socialização dos novos membros, como a casa, pátio de realização dos rituais, ou as casas cerimoniais.
A educação, pensada como um processo contínuo, tem como objetivo socializar os novos membros e isso encarado como uma responsabilidade do grupo todo. O respeito e o incentivo à atitude autônoma do educando caracterizam as ações peadagógicas necessárias ao êxito do processo.
Se só os conhecimentos da cultura majoritária forem valorizados, continuaremos a considerar os povos indigenas como incapases de produzir conhecimentos. Um dos postulados básicos de Freire é o de que o educando deve ser considerado como sujeito de seu próprio processo de aprendizagem, partindo de sua própria palavra, sua lingua, sua cultura, sua situação histórica, fazendo uma leitura do mundo e não apenas uma decodificação de sinais gráficos, desligados da vida das pessoas.
A proposta curricular elaborada para esse reconhecimento foi longamente discutida com a comunidade e, ao tratrar dos aspectos relativos à aquisição dos conhecimentos, aponta um caminho metodológico nos quais os conhecimentos tapirapé não estejam ausentes do cotidiano escolar.
A mudança de perspectiva- em vez da escola em área indígena, tornar-se uma escola indígena de fato, uma escola inserida na comunidade educativa própria de cada povo- traz novas dimensões para a discussão acerca da interculturalidade que está presente na escola indígena porque as relações entre as duas sociedades estão, efetivamente, permeando a vida de qualquer grupo indígena na situção pós-contato. a própria existência da instituição escolar já exemplificada esse fato.
Interculturalidade não está num modelo que prioriza ora os conhecimentos acumulados pela sociedade ocidental, ora os conhecimentos produzidos pelas sociedades indigenas, mas na garantia de a escola um espaço que reflita a vida dos povos indigenas hoje, com as contradiçoes presentes nas relações entre as diferentes sociedades, com a possibilidade de ser integrada nos processos educativos de cada povo.

Baseado no texto de Eunice Dias de Paula, A Interculturalidae no Cotidiano de uma Escola Indigena, Dezembro de 1999.

Nenhum comentário: